Alicerçado na vida e obra deste famoso matemático português do séc. XVI, o espectáculo estende-se forçosamente ao mundo dos descobrimentos, às fortes relações existentes com os nossos vizinhos espanhóis, e chega a adivinhar o momento em que a península ibérica esteve sob o poder do mesmo rei.
Pedro Nunes viveu o culminar da expansão portuguesa pelo mundo e terá tido um papel activo e importante nesse Portugal de então, quer enquanto cosmógrafo do reino e, como tal, responsável pela actualização e criação de cartas, regras e instrumentos de navegação e pela formação dos pilotos, quer como tutor dos infantes do reino, dois dos quais viriam a ser reis: D. Sebastião e o cardeal D. Henrique. Isto a par do seu trabalho como matemático, sempre nos limites da investigação que era feita na altura, razão pela qual foi reconhecido em toda a Europa pelos seus pares de então e que o coloca hoje entre as principais figuras da ciência mundial do século XVI.
Neste espectáculo miramos a vida de Pedro Nunes sobreposta ao período que compreende o final da expansão, o culminar e o início do declínio do império português dos descobrimentos. Escolhemos algumas frinchas no tempo onde espreitamos para a vida do matemático, que correspondem a momentos chave da história portuguesa, e que reflectem os três momentos do período indicado na frase anterior. Entre essas nesgas temporais está o instante do primeiro auto de fé realizado em Portugal e o instante da morte de D. Sebastião.
Este espectáculo é feito de pinceladas, impressões. Feitos hoje sobre pequenos momentos passados há quase 500 anos. Não é sua intenção pintar um quadro histórico rigoroso, nem tão-pouco desenhar reflexos e conclusões para a vida de hoje. A intenção é deixar impressões, sensações. E, simultaneamente, avivar a memória do extraordinário cientista que foi Pedro Nunes.
Apesar de estar recheada de alusões a pessoas e factos reais, esta é uma obra de ficção que conta uma história criada pela nossa imaginação. E, no caso invulgar de tudo que aqui inventámos vir um dia, daqui a 100 ou 200 anos, a confirmar-se verdadeiro, queremos deixar escrito que tal coincidência não só não foi da nossa responsabilidade como nem sequer a conseguimos explicar.